Introdução
No mundo da automação industrial, dois conceitos são amplamente utilizados: SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) e IHM (Interface Homem-Máquina). Ambos são responsáveis pela interação entre operadores e processos, permitindo a visualização e o controle de máquinas e sistemas industriais. Mas será que realmente existe uma diferença entre eles? Ou será que as IHMs nada mais são do que uma versão compacta de um sistema SCADA?
A distinção entre esses dois termos pode parecer clara à primeira vista, mas, ao analisarmos suas funções e características, a separação entre eles se torna mais questionável. Neste artigo, vamos explorar essa ideia e fomentar a discussão sobre a real necessidade de diferenciá-los.
O que é uma IHM e onde ela é utilizada?
A IHM (Interface Homem-Máquina) é, essencialmente, um dispositivo que permite a comunicação entre o operador e um processo industrial. Trata-se de uma tela, geralmente touchscreen, que exibe informações gráficas e permite comandos diretos sobre uma máquina ou sistema. As IHMs são amplamente utilizadas em máquinas individuais e processos localizados, onde um operador pode visualizar valores de sensores, status de operação, alarmes e controles diretamente na interface.
Na prática, as IHMs se comunicam com CLPs e outros controladores através de protocolos industriais, como Modbus, Profinet, EtherNet/IP, entre outros. Seu papel é fornecer ao operador uma representação gráfica do processo, permitindo ajustes rápidos e monitoramento local da operação. Mas será que, ao adicionarmos mais funcionalidades, como armazenamento de dados históricos, alarmes e conexão remota, uma IHM não se tornaria praticamente um SCADA?
O que é um sistema SCADA e onde ele é utilizado?
O SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) é um sistema projetado para supervisionar processos industriais em larga escala. Ele coleta informações de sensores e dispositivos de campo, processa esses dados e os exibe de forma gráfica para análise e tomada de decisão. Normalmente, os sistemas SCADA são implementados em salas de controle, permitindo que operadores visualizem todo o processo industrial por meio de telas grandes, gráficos, tendências e alarmes.
Além da interface gráfica, um SCADA possui funções como armazenamento de dados históricos, relatórios, alarmes personalizados e integração com bancos de dados industriais. Seu foco é fornecer uma visão completa da operação, ajudando na análise de desempenho e na otimização dos processos.
Mas, se analisarmos de perto, veremos que os critérios para um sistema ser chamado de SCADA são relativamente simples: ele deve coletar variáveis do controlador, exibir dados do processo, permitir interação com o sistema e possuir alarmes e visualização do processo como um todo. Se implementarmos todas essas funções em uma IHM moderna, ela ainda seria apenas uma IHM? Ou seria um SCADA em um formato diferente?
SCADA e IHM: são realmente diferentes?
Se considerarmos um SCADA como um sistema que coleta dados, exibe informações e permite interação, podemos argumentar que uma IHM robusta cumpre todas essas funções. Afinal, muitas IHMs modernas possuem telas grandes, conectividade avançada, armazenamento de dados e até integração com redes industriais.
Agora, imagine um cenário onde substituímos as grandes telas de um SCADA em uma sala de controle por diversas IHMs. Se essas IHMs forem capazes de realizar todas as funções esperadas de um SCADA – como monitoramento de variáveis, alarmes, relatórios e interação remota – ainda faz sentido considerá-las separadamente?
Por outro lado, há quem argumente que o SCADA é um sistema mais amplo, projetado para supervisão de várias máquinas e processos interconectados, enquanto as IHMs geralmente se concentram em uma única máquina ou processo. Mas essa distinção não seria apenas uma questão de escalabilidade? Se uma IHM for utilizada para monitorar e controlar uma planta inteira, ela ainda pode ser chamada apenas de IHM?
Conclusão: a separação entre SCADA e IHM faz sentido?
Ao final dessa reflexão, fica a pergunta: SCADA e IHM são realmente conceitos distintos, ou estamos apenas separando tecnologias que, na prática, desempenham funções muito semelhantes?
A separação pode ter origem mais no tamanho e na escala da aplicação do que na funcionalidade em si. No entanto, com o avanço das IHMs, que estão cada vez mais poderosas e capazes de desempenhar funções antes exclusivas dos SCADAs, essa distinção pode se tornar menos relevante.
Talvez a verdadeira questão não seja “IHM ou SCADA?”, mas sim “qual tecnologia atende melhor a necessidade do meu processo?”. A separação entre os conceitos ainda faz sentido ou estamos apenas rotulando tecnologias de maneira diferente? O que você acha? 🚀
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