Introdução
A programação estruturada é um paradigma essencial na automação industrial, especialmente em sistemas de Controle Lógico Programável (CLP). Esse método organiza o código de forma clara e eficiente, facilitando a manutenção e a compreensão do sistema. Com práticas como a padronização de nomes, organização em pastas e uso de blocos de funções (FCs), os programadores podem criar soluções mais robustas e seguras, otimizando o desempenho das operações automatizadas.
O que é Programação Estruturada
Programação estruturada é um método que prioriza a organização e a clareza, essencial para otimizar o desenvolvimento de código. Muitas vezes, encontramos programas difíceis de entender, tornando a manutenção uma tarefa desafiadora. Isso acontece porque cada programador tem seu próprio metodo, resultando em lógicas variadas para resolver o mesmo problema.
Ao aplicar a programação estruturada, seguimos normas e convenções que tornam o código mais legível. Essa abordagem envolve a decomposição de problemas em partes menores, o uso de nomes padronizados para variáveis e a organização do código em funções. Dessa forma, facilitamos a interpretação e a manutenção, tornando a automação mais eficiente e acessível. Com um código estruturado, garantimos sistemas robustos e confiáveis, essenciais no ambiente industrial.
Padronização de Nomenclatura durante o código
Um dos métodos mais eficazes para organizar o código é a padronização de nomenclaturas. Essa prática não só melhora a legibilidade do código, mas também facilita a manutenção e a colaboração entre programadores. Veja como isso pode ser feito:
- Identificação de Botões e Sensores: É essencial separar e identificar botões, chaves e sensores com letras que representem suas funções. Por exemplo:
b_cnc_01
→ Indica o botão número 1 da máquina CNC.
- Nomeação Baseada na Função: Atribuir nomes que descrevam claramente a máquina ou o processo associado a uma variável é fundamental. Por exemplo:
KUKA_Reset_memory
→ Refere-se à memória de reset do robô KUKA, tornando evidente sua finalidade.
- Agrupamento de Variáveis: Concentrar variáveis ou dados relacionados em um Data Block com nomes similares é uma ótima maneira de manter a organização. Por exemplo:
DBEsteira_01_parada_ativa
→ Indica que se trata de uma variável do Data Block da Esteira 01, que está relacionada ao estado de parada ativa.
Esses exemplos mostram como a padronização de nomenclaturas pode ajudar tanto o programador a navegar pelo código quanto facilitar o trabalho de manutenção. Com nomes claros e organizados, é mais fácil criar, corrigir e entender o código, resultando em sistemas mais eficientes e menos propensos a erros.
Centralização dos Dados do Programa
Além da padronização e organização dos nomes das variáveis e dados do processo, a centralização das informações é um ponto crucial na programação estruturada. Ao programar, é fundamental ter uma abordagem organizada em relação aos dados que estamos manipulando. No TIA Portal, por exemplo, a utilização de Data Blocks (DBs) permite essa centralização de maneira eficiente.
- Organização em Data Blocks: Criar Data Blocks específicos para cada função ou ação ajuda a manter o código claro e bem estruturado. Exemplos de como isso pode ser feito incluem:
- DBKuka: Este Data Block centraliza todas as variáveis do robô KUKA, garantindo que todas as informações relacionadas ao robô estejam reunidas em um único local.
- DBCaldeira_terreo: Similarmente, este Data Block contém todas as variáveis e dados da caldeira do térreo, facilitando o acesso e a gestão dessas informações.
- Vantagens da Centralização: A organização das variáveis em Data Blocks oferece diversas vantagens, entre as quais se destacam:
- Otimização de Espaço: Ao utilizar Data Blocks, você evita o uso excessivo de variáveis globais, o que não apenas melhora a eficiência do programa, mas também contribui para uma utilização mais eficaz da memória da CPU.
- Facilidade de Manutenção: Com as variáveis centralizadas, fica mais simples realizar modificações, identificar e corrigir problemas. Isso reduz o tempo gasto em manutenção e aprimora a qualidade do código.
- Clareza e Organização: Ter um ponto central para cada conjunto de dados promove uma estrutura clara, permitindo que outros programadores (ou você mesmo, no futuro) entendam rapidamente a lógica do programa.
- Otimização de Espaço: Ao utilizar Data Blocks, você evita o uso excessivo de variáveis globais, o que não apenas melhora a eficiência do programa, mas também contribui para uma utilização mais eficaz da memória da CPU.
A centralização das informações em Data Blocks é uma prática recomendada que, combinada com a padronização de nomes, resulta em um código mais organizado, eficiente e fácil de manter. Essa abordagem não apenas facilita a programação, mas também melhora a colaboração em equipe e a integração de novas funcionalidades ao longo do tempo de forma organizada, uma vez que programando apenas com variaveis globais é muito facil criar variveis chamadas de lixo logico, onde usamos apenas para testes rapidos e ainda as mantemos no programa, forçando-se a usar a db e pesar antes de criar qualquer variavel, trazendo um trabalho um pouco maior para criar uma variavel e ajudando a não criar lixo logico.
Criação e uso de funções
Criar funções para o programa é uma prática excelente que oferece diversos benefícios, como a descentralização da lógica, organização e versatilidade. Através das funções, é possível copiar e colar uma lógica quantas vezes for necessário, simplificando a programação e a manutenção do código. Mas quais códigos podem se tornar funções?
Em geral, praticamente qualquer código pode ser encapsulado em uma função, mas o ideal é que ações que serão realizadas repetidamente ou que têm uma lógica específica sejam programadas dentro de um bloco de função e chamadas no MAIN
. Exemplos comuns de funções incluem:
- Modos de operação, como manual e automático.
- Subrotinas de execução.
- Lógicas de emergência e outros processos específicos.
Exemplo Prático
Imagine que você está desenvolvendo um modo manual para uma máquina. Você programaria esse modo manual dentro de um bloco de função, e é como se estivesse programando diretamente no MAIN
. Dentro dessa função manual, toda a lógica necessária para executar as ações será desenvolvida.
Por exemplo, se no modo manual for necessário realizar uma leitura e ajuste de temperatura, é possível criar uma função específica para essa tarefa. Essa função de temperatura seria chamada dentro da função manual, permitindo que a lógica do programa seja organizada de forma modular.
Vantagens de Criar Funções
- Descentralização da Lógica: Ao dividir o código em funções, você reduz a complexidade do
MAIN
, facilitando a leitura e manutenção do código. - Organização: Funções permitem agrupar lógicas relacionadas, tornando o código mais limpo e compreensível. Isso ajuda outros programadores (ou você mesmo) a entenderem rapidamente o que cada parte do programa faz.
- Versatilidade: Com a possibilidade de reutilizar funções, você pode economizar tempo e esforço, copiando e colando a lógica em diferentes partes do programa sem precisar reescrever o código.
- Facilidade de Teste: Funções podem ser testadas de forma independente, permitindo que você verifique se cada parte do código está funcionando corretamente antes de integrá-la ao sistema completo.
A criação de funções não é apenas uma questão de organização, mas uma maneira de programar de forma otimizada e eficaz. Essa prática não só melhora a estrutura do código, mas também facilita a manutenção e a implementação de novas funcionalidades ao longo do desenvolvimento.
Organização e documentação do projeto
Como último método de programação estruturada, a organização por pastas é uma abordagem eficaz que visa a manter o programa claro e fácil de navegar. Essa prática permite que os programadores organizem todo o código em pastas específicas, evitando confusões ao clicar ou acessar funções erradas, que podem ocorrer quando todos os elementos estão misturados em um único espaço.
Vantagens da Organização por Pastas
- Clareza e Acesso Rápido: Ao separar o código em pastas temáticas, fica mais fácil localizar as funções e dados necessários. Isso é especialmente importante em projetos maiores, onde o número de funções e data blocks pode ser significativo.
- Redução de Erros: A organização por pastas minimiza a chance de selecionar a função ou o data block errado, pois cada pasta contém apenas os elementos relacionados a um determinado processo ou máquina. Assim, ao acessar a pasta da caldeira, por exemplo, o programador sabe que encontrará somente informações pertinentes à caldeira.
- Facilidade na Manutenção: Quando um programa está bem organizado, a manutenção se torna muito mais simples. Se for necessário fazer ajustes em uma parte específica do código, é fácil encontrar o que precisa ser alterado.
Estrutura Recomendada
As pastas podem ser organizadas preferencialmente por números ou nomes que reflitam claramente seu conteúdo. Por exemplo:
- Pasta 1: Caldeira
- Data Block: DB_Caldeira
- Funções: Func_Aquecimento, Func_Desligamento
- Outros Dados: Variáveis de controle e monitoramento
- Pasta 2: Robô KUKA
- Data Block: DB_KUKA
- Funções: Func_Movimentacao, Func_Reset_Memoria
- Outros Dados: Parâmetros de operação
Essa estrutura de pastas não apenas facilita o trabalho durante a programação, mas também melhora a colaboração entre diferentes programadores. Cada um pode trabalhar em sua área designada, sabendo que a organização do projeto permanecerá intacta. Em resumo, a organização por pastas é um método fundamental na programação estruturada, promovendo eficiência e clareza em todo o desenvolvimento do código.
Conclusão
Em suma, a programação estruturada em CLPs oferece uma série de vantagens que podem transformar a forma como os sistemas de automação são projetados e gerenciados. Ao adotar práticas como a padronização de nomes, a organização do código em pastas e a utilização de blocos de funções, os programadores não apenas aumentam a legibilidade e a manutenibilidade do seu código, mas também garantem a segurança e a eficiência das operações industriais. O desenvolvimento de sistemas automatizados mais robustos e confiáveis é essencial para atender às demandas crescentes da indústria, tornando a programação estruturada uma escolha valiosa para profissionais da área.
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2 Comments
Falta falar que criar funções, permite a reutilização de código, que posteriormente podem ser adicionadas a uma biblioteca, pessoal ou de uso da empresa com inclusive controle de versionamento, outra coisa que a estruturação vai muito mais do que usar funções e nomenclaturas padronizadas, primeiro levar em considerações as boas práticas para o chamado código limpo onde as variáveis têm seu nome claro o suficiente que não precisa de comentários (logico que podem existir exceções, alguns fatores como nome muito extenso podem levar a isso), variáveis devem ter correlação com os esquemas elétricos e/ou instrumentação além utilizar estrutura de dados para agrupar variáveis que pertencem ao mesmo “device””, ou seja, criar estruturas que descrevem seus dispositivos e equipamentos, a estruturação das funções no caso do Siemens, ou rotinas e AOI’s no caso do Rockwell, por exemplo devem levar em consideração a separação de funções que serão reutilizáveis e funções de para lidar com grupos específicos de informações, como por exemplo uma função/rotina onde você irá controlar todos os atuadores de uma determinada estação ou modulo de controle, e aí falamos de uma outra situação de como conseguir organizar essas rotinas, e para isso você pode utilizar normas como a ISA88 além de respeitar o próprio design e layout da máquina, Abraços
Olá amigo, este assunto realmente é bem extenso. Não da pra cobrir tudo em apenas um post. Com certeza teremos mais artigos cobrindo este assunto. Obrigado pela colaboração.