Introdução
Para quem vem da elétrica e está entrando na automação, um dos primeiros pontos de contato entre os dois mundos é o acionamento de cargas simples como motores por meio de contatores. O que antes era feito com botoeiras, relés e temporizadores físicos, agora pode ser comandado eletronicamente com o uso de um CLP (Controlador Lógico Programável). Mas, apesar de parecer simples, esse acionamento exige alguns cuidados fundamentais que envolvem tanto o hardware quanto a lógica de controle.
Neste artigo, você vai entender como fazer essa integração corretamente, quais os principais cuidados a se tomar com os tipos de saída do CLP e por que usar relés de interface é uma prática recomendada na indústria.
O papel do contator e sua função no controle de cargas
O contator é um dos componentes mais comuns no controle de motores e outras cargas industriais. Ele funciona como um interruptor de alta potência, acionado eletricamente, que permite ligar e desligar cargas mais pesadas a partir de um comando de baixa potência como a saída de um CLP, por exemplo.
Na prática, o CLP não aciona diretamente a carga (motor, bomba, etc.), mas sim o contator, que por sua vez faz a comutação da carga. Essa separação garante segurança, durabilidade e flexibilidade ao sistema, além de permitir o uso de CLPs com saídas de baixa corrente.
Saídas do CLP: Sink ou Source?
Antes de conectar qualquer coisa ao CLP, é essencial entender o tipo de saída que ele oferece. As saídas digitais podem ser do tipo sink (coletor aberto negativo) ou source (coletor aberto positivo).
- Uma saída source envia corrente para o dispositivo (normalmente ligada ao polo positivo da alimentação).
- Uma saída sink recebe corrente do dispositivo (normalmente ligada ao negativo).
O erro mais comum de quem vem da elétrica é ignorar essa diferença, ligando dispositivos sem considerar a polaridade correta, o que pode causar falhas no acionamento ou até danos ao CLP.
Sempre consulte o manual do fabricante do CLP para saber se as saídas digitais são NPN (sink) ou PNP (source) e monte sua fiação de acordo com essa característica.
Por que usar relés de interface?
Ao acionar um contator com o CLP, muitos técnicos se perguntam: “Posso ligar o CLP diretamente na bobina do contator?”. A resposta mais segura é: não é o ideal.
Isso porque as bobinas de contatores podem gerar picos de corrente ou picos de tensão (como surtos de indução) durante a comutação, o que pode danificar a saída do CLP ao longo do tempo.
Por isso, a recomendação é utilizar relés de interface entre o CLP e a bobina do contator. Esses relés agem como uma camada de proteção: o CLP aciona o relé, e o relé aciona o contator.
Além da proteção elétrica, o relé de interface facilita a manutenção e substituição de componentes, já que é mais simples e barato trocar um relé do que uma saída do CLP danificada.
Dicas práticas para o acionamento seguro
- Utilize sempre diodos de roda livre (em cargas DC) ou varistores (em cargas AC) para proteger contra surtos de tensão.
- Certifique-se de que a corrente da saída do CLP suporta o consumo do relé ou bobina utilizada.
- Use relés de interface com LED e proteção interna eles facilitam o diagnóstico e são mais robustos.
- Respeite a alimentação elétrica compatível com o relé, bobina do contator e o CLP.
Conclusão
Acionar um contator por meio de um CLP é um dos primeiros passos na jornada da automação industrial, especialmente para quem vem da elétrica. No entanto, por mais simples que pareça, esse processo exige cuidados com o tipo de saída do CLP, o uso de relés de interface e a proteção dos componentes.
Com um pouco de atenção e boas práticas de instalação, é possível criar sistemas confiáveis, seguros e fáceis de manter. E, com o tempo, esse conhecimento se torna a base para projetos mais avançados, como partidas estrela-triângulo automáticas, inversores de frequência, sistemas de monitoramento via CLP e muito mais.
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